terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Edifício Espelhado

somos de início dois espelhos
alvo e modelo um para o outro
fera à espreita e a sem saída
que não dizem respeito ao mundo

e esquadrinhando seu alicerce
espero os meus serem seus olhos
como um rito que mitifica
veios que atingem sua embocadura
(ventos que batem esquadrias)

nosso encontro é como uma prece
assento lágrimas tijolos
lanço pedras de naftalina
a um só tempo meio e produto

algo instrumento da paz feito
no entanto atávica e sem hora
ainda bafejo um ar egoísta
condensado pela cultura

sinta-me perto e um tanto a esmo
e se reflita parte absorto
na causa de si que me fita
parte na minha que te assunta

nosso reflexo é chama acesa
que inflama reinos enganosos
ácidos longevos e tristes
que agora nos têm com gastura

porque de lama e areia se ergue
esta imagem justaposta
de muitos iguais e cindidos
que veem a si e um fim a sua altura

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