domingo, 12 de dezembro de 2021

Bolso deslocado

Quando a febre das idades passar

vou te guardar num bolso próximo,

perto de onde se vibra o

indiereggaefunkabilly que fizemos.

Corpos comuns de uma só cor 

testando a aquarela de desejos,

sem esperas e lamentações

sem queixas nem expectativas.

Uníssonos no flagra,

indistintos nas ondas dos cosmos,

faremos o único sentido possível

e o absurdo mais insólito.

Seremos privados e alardeados de muitos

porque nossa justeza não suscita porquês

nem descrenças.

Será após a era dos jugos

que te levarei secreta e escandalosamente

em cicatrizes costuradas que

choram riem marcam pulsam

a imensa jornada 

de um bolso deslocado.




sábado, 25 de setembro de 2021

Por que lado

Os dois lados que me mostras

apenas só me confundem

com cutículas que sangram

mais encartes recolhidos

e novas conflagrações


O lado que me reportas

vai do silêncio ao ruído

sem passar por ideias

vidas novas e incertas

vastidões pseudo-ocupadas


E este em que me lês

jamais me revela

espelho d'água ao sol

que ao se perturbar

se cintila e cega


Para o lado onde me levas

cada momento contigo

de sossego gritado

é um futuro inventado

que vale a dura pena


Os lados divididos

conquista e doação

curso e contingência

são uma fenda cava

e nós a sutura













domingo, 16 de maio de 2021

"Desamparo Aprendido"

Um sol arrastado casa a dentro

vence o galho que ensombra

e traz o sossego do tempo que pensa

que se em Marte tem terra.


O homem que brinca em atos sérios

contemporiza se valeu a pena,

se o que sobrou não é demais e pequeno,

diante de brilhos apagados nas janelas.


Percebe pares seus em queda

e vãos ínfimos em suas ventas

que ardem e não se preenchem:

um anseio canino lhe cerca.


Seu canto mesmo em farelos

não cede a incongruências,

faz imprecisa reação nos dentes

e uma língua indigente berra.


Doem-lhe as pilhérias 

das faltas de outros lar e tema.

Mas essa inação aparente do homem

é sua prova dos nove estratégica.